sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sonho de Playmobil

É o seguinte: se um dia me perguntassem de algum brinquedo que marcou a minha infância eu poderia até parar pra pensar um pouco, mas a resposta seria óbvia: playmobil!

Por ter irmão mais velho, até onde eu saiba eu brinco de playmobil desde antes de ter idade pra brincar de playmobil. Aqueles bonecos anatomicamente incorretos (sem joelhos, nariz, orelhas, dedos, capacidade de alternar passos e aquele cabelo capacete) sempre cativaram a minha imaginação...

Eu me lembro de na infância eu ter circo do playmobil, mergulhador playmobil, polícia, xerife com delegacia, nave espacial, piratas. No fim da minha infância e início da adolescência do meu irmão voltamos a brincar de playmobil. E lá se ia a nossa mesada.

Me lembro que a gente babava olhando a revistinha (que vinha junto de cada brinquedo playmobil mostrando toda a linha de brinquedos e acessórios). Nosso sonho de consumo era a caravela pirata. Um navio enorme, com velas, prancha, tripulação, tesouro, calabouço... Nosso vizinho rico comprou, aí estreitamos mais ainda a amizade com ele, né? hehehe.

Crescemos... acho que usei os bonecos como peças de algumas maquetes pra escola... A linha de brinquedos parou de ser lançada no Brasil e eu também já tinha perdido o interesse. Mas eu tinha saudades. Acho que já falei que era saudosista né? Oi?

Há uns dois anos vi alguns poucos importados numa loja em Natal, e este ano vi que as importações vieram com força total.

Neste mesmo ano o criador do Playmobil, Hans Beck, morreu, com 79 anos... mas o playmobil não vai morrer... não tem como! Ele é universal, ele é atemporal, ele é moderno!
Hooooooooouuu!!!

Há uns dez dias eu dei dois bonecos de presente de aniversário pro meu irmão... Sinceramente não sei se ele gostou... acho q eu simplesmente me coloquei no lugar dele. É isso.. eu queria ganhar um playmobil! Acho que eu to com uma vontade dentro de mim de colecionar playmobil.

Isso aí já leva a uma situação complicada. Estou prestes a ser pai. Imagina eu, um pai, com uma estante cheinha de playmobils com acessórios, em poses lindas e coloridas. Imagina uma pequena criança querendo pegar e um pai malvado dizendo: "não pode! é da coleção!" Então essa coleção vai ter q esperar... pelo menos uns... 15 anos?
Mas Guliver, porque você não faz a coleção E brinca com ela com seus filhos. Ah tá... e eu não fui criança? Até onde eu me lembre os playmobil que eu ganhava não duravam um mês com todas as peças. E sempre tinha algum boneco que perdia a peruca e tinha que ser o careca nas brincadeiras. Posso dar playmobil pros meus filhos, e brincar com eles... Mas... será que eles vão gostar?


De qualquer forma, fico com as saudades, as lembranças e o pensamento de que um dia vou ter minha coleção.

Falando em saudades, um postzinho que fiz há alguns anos:

"
Diário de um playmobil



"Querido diário,
Hoje cedo o teto do lugar escuro onde eu estava com vários amigos se abriu, e aquele monstro gigante me pegou mais uma vez com sua mão desajeitada.
Ele ficava mexendo nos meus braços, me colocava de pé e sentado em poses ridículas.
Então colocava coisas nas minhas mãos.. Uma maleta... uma lanterna?

Por que? Eu não queria segurar nada! A lanterna nem acendia!
Eu sempre gostei do meu cabelinho marrom. Mas o monstro gigante não se importava com isso. Ele arrancou meu cabelo de uma só vez, expondo um buraco na minha cabeça (onde está meu cérebro?!?!). Logo depois encaixou cabelos amarelos no lugar.
Por que? Eu nunca quis ser loiro!!

O monstro arrastou um carro pra perto de mim... eu até achei-o bonito, mas estava com medo do que pudesse acontecer...
Eu bem que queria correr, mas nem joelhos eu tinha.
Então o monstro me pegou e me colocou na posição sentada... e o que se passou diário... só de lembrar eu tremo...
Pra eu ficar sentado na posição correta no carro... o monstro ele me encaixou no banco... sim... a palavra é encaixar... a minha... parte de baixo traseira, ficou encaixada em uma proeminência daquele banco...

E eu dei voltas e voltas no carro... engatado.
Por que, diário? Quando é que esse sofrimento vai acabar...
E o pior de tudo... é que fazem tudo isso comigo e mesmo assim a minha cara está sempre sorrindo...
buááááá"


Ah que saudade de brincar de playmobil..."

E depois de tudo isso, deixo um boa noite dado por um playmobil:

Boa noite!

Atualizando: comecei minha coleção de playmobil. :D

domingo, 2 de agosto de 2009

Formiga para quem precisa

- Oi, qual o seu nome?
- Fu
- Fu de que?
- Fumiga. E o seu?
- Ota
- Ota de que?
- Ota fumiga!

Pois é... imagino quantos milhares de vezes esse diálogo se repete aqui em casa. Já moro aqui nesse Kitnet há pelo menos 1 ano. É um lugar pequeno mas cômodo. A gente se ajeitou aqui... no começo eu até via uma formiguinha ou outra... na mesa, em alguma comida q caiu no chão. Depois passei a ver formiga no banheiro, atrás do fogão, na porta de casa, no microondas, na geladeira, na pia, no armário da cozinha, no computador! (ontem tinha uma em cima da tecla "f". Fiquei com medo de que ela estivesse tentando digitar "formiga"!)

Tenho um amigo que é biólogo e entomólogo (amante de insetos), e sempre que faço alguma crítica sobre a utilidade de certos insetos ele vem me dizer que é uma visão antropocentrista do mundo. Tá, é mesmo! E eu agora odeio essas formigas! Temo que algum dia eu acorde lá na rua porque elas me carregaram pra lá...

Já li em algum lugar que as formigas que você consegue ver são apenas 10% de todas as formigas que estão na sua casa. Sabe o que isso quer dizer? Que minha casa é praticamente construída com formigas!

Eu tinha um formicida quando morava lá em natal. Até que funcionava bem e era muito interessante. Parecia um melzinho: atraía as formigas e depois eles levavamm até o formigueiro. Eu trouxe pra mossoró mas não tava funcionando. A minha suspeita é que elas tavam tão marotas que só mandava as formigas velhas, drogadas ou prisioneiras pra cair na armadilha... Mas a verdade é que provavelmente o calor de mossoró estragou o bendito.

Hoje no supermercado comprei um novo... mesmo princípio, outra marca. Voltei pra casa com o sorriso sádico do menininho que vai pro jardim com uma lente de aumento, brincar com o sol e com as formigas... Coloquei em vários cantos da casa e: felicidade! Em 5 minutos vários grupos se reuniam em volta do veneno. Provavelmente cantando Jimmy Hendrix, dizendo que se amam e que o mundo é paradoxal... e eu? Eu estava aqui do alto dando minha gargalhada fatal: Mwwwaaahahahahahahahahaha...


terça-feira, 28 de julho de 2009

Ansiedade

O garoto deitado
Sabendo que hoje à tarde tem escola.
Sabe que na escola tem coleguinha chato.
Sabe que na escola a professora pode brigar com ele, pode aplicar teste surpresa.
Pode ter educação física... o brigão da sala pode jogar areia do parque na cara dele.

O garoto tá deitado, assistindo desenho animado. Entre um desenho e outro todos esses pensamentos passam pela cabeça dele de novo.

Ele almoça. Toma banho, veste o uniforme, fica penteado com o cabelo grudadinho na cabeça. mochila do Wolverine e lancheira do Batman.

Aí ele vai pra aula, aprende coisas interessantes, a professora pergunta e ele sabe responder, na educação física ele corre, brinca, ri muito. Chega em casa, toma banho, joga videogame, faz o dever de casa e vai dormir.

No outro dia ele fica deitado, assistindo desenho...
E todos aqules sentimentos ruins, de ansiedade, voltam.

domingo, 26 de julho de 2009

Saudades de Sentir Saudades

Título meloso à parte, essa é uma expressão que reflete muito da minha personalidade: Sou um saudosista sem vergonha (não um sem-vergonha saudosista, deixemos claro).

Eu sei que o ser humano, a sociedade, o mundo o universo tendem à entropia, à mudança, ao avanço (ou destruição). Eu mesmo me enquadro no sistema. Cresci, estudei, me formei, arrumei emprego, casei, comprei apê, mudei de cidade, vou ser papai (tudo como tava na cartilhazinha da escola). Ainda assim sempre me assusta sair de uma sensação conhecida e confiável pra algo totalmente novo.
Noooo Alarms and no Surpriseees

Já tenho consciência de que mudança faz bem, o que não me impede de ser um saudosista...
Sinto falta. Sinto sempre. De muita coisa.

Sinto falta de quando era uma criança, de brincar, de experimentar, de conhecer, de desconhecer. Mas quem não sente né? Nada de especial

Também sinto falta da minha adolescência... mesmo sem mãe, mesmo com poucos amigos, mesmo com pouca vida social...

Sinto falta da faculdade, mesmo sem emprego, mesmo descobrindo que não gostava do curso...

Enfim, eu sou assim. Não sinto saudades apenas dos momentos maravilhosos e marcantes. Sinto falta da sensação que tenho aqui e ali e que não voltam mais. É provável que daqui a uns 5 anos eu esteja muito feliz e nem assim vou deixar de sentir saudade do tempo de hoje, em que moro em um apezinho apertado do lado de uma rua barulhenta...

Aí você vem e me pergunta: "ah, vai me dizer que você queria que aquele tempo voltasse?"... olha... não em definitivo, mas eu queria sim poder reviver alguns momentos específicos.
Nem pra mudar nada como naquele filme click . Apenas para refletir as minhas ações, lembrar do que eu tava sentindo, enfim, matar as saudades...

Já ouviram falar que o termo saudade existe apenas na língua portuguesa? Pois é... pelo menos posso dizer em palavra o que eu sinto 24 horas por dia

terça-feira, 21 de abril de 2009

A música

Um dia a garota ouviu a música.

A música mexeu com ela. Pareceu adivinhar os seus pensamentos, os seus sentimentos.

E não eram só as letras e os versos. A melodia atingia em fundo um ponto dela que nunca tinha sido tocado. Cada acorde, cada tom, cada nota arrepiava um pêlo diferente de seu braço.

E ao chegar no refrão... o refrão lhe deu um frio na espinha. Um meio sorriso em seus lábios, e um traço de lágrima no canto do olho...

Talvez se escutasse mais acabaria encontrando a felicidade eterna... ou talvez apenas a angústia mais profunda (mas uma angústia confortável).

De qualquer forma não sabia se conseguiria ouvir mais naquele momento... se não deamaiaria... e parou, para voltar a ouvi-la mais tarde.

Naquele dia ela descobriu a música... e a música a descobriu.

domingo, 5 de abril de 2009

Qual é a cor do seu 6?

Quando eu era criança ganhei um carrinho de metal. Desses que as pessoas colecionam. Mas eu não brincava com ele, eu não gostei dele. Eu tinha outros carrinhos, mas daquele eu não gostei. A razão? A cor dele tinha um gosto enjoado. Não confundam: eu não tentava comer o carro ou enfiar ele na boca. Olhar pra ele me fazia sentir o gosto da cor. E essa cor me dava náuseas profundas. Pedi pro meu irmão jogar o carrinho no lixo.

Mais ou menos na mesma época minha mãe falou, no mês de junho, que a gente viajaria para o Rio de Janeiro em novembro. Chegou agosto e eu perguntei: "ué, a gente não vai?" Eu tinha confundido agosto com novembro, e minha mãe até riu porque os nomes dos meses nem se parecem. A verdade é que eu confundi porque pra mim os dois meses eram avermelhados. Um vermelho escuro, mas fraco, meio rosado.

E no meio de tudo isso eu também sabia que o 4 é laranja, que o 6 é verde, o 1 é preto...

Fui crescendo e tenho deixado de sentir tanto essas coisas (ou pelo menos deixado de prestar atenção nelas), mas sei que ainda as tenho. Por exemplo, eu continuo sentindo o cheiro de certos sentimentos.

Há um tempo atrás eu li na superinteressante que tem um fenômeno neurológico chamado "sinestesia". É verdade que há uma figura de linguagem na língua portuguesa, mas que provavelmente nasceu de poetas e escritores que foram inspirados por essa condição. É como falar do "som doce de suas palavras", "a cor calma dos olhos", etc.

Como eu disse, a sinestesia não é uma situação psicológica, é neurológica. Me desculpem a falta de conhecimentos ao falar disso aqui, e nem na internet eu achei isso direito, daí como não estou com a revista superinteressante na mão não vou poder dizer exatamente o que causa a sinestesia, mas é mais ou menos o seguinte: quando nascemos somos todos sinestetas ("portadores" da sinestesia). Com o desenvolvimento dos nossos neurônios e sinapses, por volta dos 3 anos de idade, algo vai apurando os sentidos e especificando-os no nosso cérebro. Algumas pessoas não passam - ou passam menos - por esse processo. Elas se tornam sinestetas, ou sinestésicos.

Há diversos tipos de sinestesia: táctil, olfativa, auditiva, visual, gustativa e combinações múltiplas entre elas

Não é algo que se deva confundir com memória. Há pessoas que acham que têm sinestesia apenas porque pensam em um gosto ou em um cheiro e logo pensam lembram de alguma situação ou vice-versa, isso porque vivenciaram naquela situação aquele gosto ou aquele cheiro. Isso é ativação da memória e associação das sensações e não sinestesia. Por exemplo: dizer que quando você lembra da sua infância sente cheiro de chuva ou gosto de tangerina é ativação da memória com algo que marcou sua infância...

Já li também que é uma condição (e não doença já que não causa mal) que uma em cada 15 mil pessoas têm.

Eu não sei se ainda posso me considerar um sinesteta, porque apesar de ainda sentir coisas as vezes, não é mais tão constante ou vivo quando era na minha infância.

De qualquer forma continuo achando a sinestesia uma benção.. a pessoa que a tem conhece um mundo só seu, que ninguém mais (a não ser raríssimas pessoas) disso iriam poder compartilhar.

terça-feira, 31 de março de 2009

Guia de Sobrevivência em Mossoró

Devo começar este texto esclarecendo que ele não tem intenção nenhuma de ofender (mesmo porque, até segunda ordem, eu agora faço parte da população mossoroense). Minha idéia foi relatar observações sobre a cidade. Fatos empíricos.


1- O calor de Mossoró é famoso. Eu não precisava nem citá-lo. Mas, ao contrário do que eu pensava antes de vir morar aqui, não é apenas porque fica longe do litoral. A impressão que dá é que o sol escolheu exatamente esta cidade para ser masi forte e mais brilhante. O sol entre as 10 e as 16 horas aqui não causa apenas o risco de câncer de pele, causa risco de carbonização. Aliás, fala-se aqui que mossoró tem 4 estações do ano bem definidas: Verão, mormaço, calor e quintura.


2-As ruas são feitas de Sonrisal. Basta cair uma chuva que elas dissolvem. A cada dia aparece um buraco novo. Cada saída é mais um Rally.


3- Falando em chuvas, Mossoró possui 9 meses de seca e 3 meses de dilúvio. A chuva de Mossoró, quando cai, cai com raiva. Aqui não existe "chuviscar". Se é pra chover, chove muito.


4- O trânsito em Mossoró não é um caos. Reconheço que todo esse tempo aqui eu nunca fiquei preso com engarrafamento (em Natal era comum). Em compensação a educação no trânsito é horrível. As pessoas não perdem a oportunidade de avançar um sinal vermelho. Há muitos motoqueiros e o esporte preferido deles é ultrapassar pela direita (já quase matei dois).


5-Estacionar no centro da cidade em horário comercial é uma façanha comparável à visão de um OVNI. Isso porque todo mundo tem que ter carro ou moto, tendo em vista que o transporte público é mais raro que as vagas do centro. Aliás, pelo mesmo motivo tem muito mototaxista. Muito.


6-Aqui não tem banca de revistas. Até hoje eu ão consegui entender como uma cidade de 250000 habitantes não possui revistarias. Só vi uma loja no centro chamada "casa da revista". De resto só se vê jornais sendo vendidos nas farmácias ou perto dos caixas de supermercado.


7-Falando em supermercado, aqui só um tm ar-condicionado. Por enquanto ele ainda é o melhor daqui (outros serão abertos). Mesmo assim não compreendo como ele pode ser tão sujo. Não, não é uma imundície de feira livre, mas eu falo isso comparando com os supermercados grandes de Natal, que apesar do tamanho têm os corredores bem limpinhos. Se eles conseguem porque esse pequeno não consegue? E aparentemente as pessoas não ligam. Na padaria do supermercado, certo dia, tinha duas moscas varejeiras dentro da vitrine, junto com os pães. Ninguém reclamavam compravam mesmo assim. Eu não comprei. Pão não dá pra lavar, né?


8- Mossoró não tem a principal vantagem de cidades de interior: preços baratos. Os produtos e serviços aqui são tão ou mais caros do que na capital.


9-O Shopping de Mossoró é, em parte, decepcionante. É um shopping perfeito pro tamanho da cidade, só que com quase dois anos de existência metade das lojas ainda estão fechadas! E o cinema? Nem lá nem em lugar nenhum... Mossoró não tem cinema...


10-Mossoroense, em geral, é ufanista. Não é realmente um defeito. Eu acho bonito a pessoa ter orgulho da própria terra. Só que tem coisa que eu acho difícil de ouvir do tipo: "Natal não presta, Mossoró é bem melhor". Minha nossa... Posso dizer sem medo que a qualdiade de vida na capital é melhor. E eu não sou um defensor ferrenho de Natal. Nem natalense sou.


A verdade é que apesar de tudo isso eu estou bem em Mossoró, e o que mais me anima é o potencial de crescimento que ela tem. A quantidade de projetos, os investimentos que aparecem, eu tenho certeza que em alguns anos vai ser até difícil de reconhecer. Aliás, se eu for para pra pensar bem, muitas das coisas que eu acho ruins de Mossoró hoje em dia eram da mesma forma em Natal quando eu cheguei em 89.


Uma coisa que tenho concluído é que é totalmente possível ser feliz em qualquer lugar. Só depende de si mesmo.


quarta-feira, 25 de março de 2009

Cogito, Ergo Sum um FDP

Navegando na net eu me deparo com esse retrato do grande pensador René Descartes:Eu não sei porque eu fico com isso na cabeça... me perdoem se eu não conseguir explicar...

Mas essa fisionomia dele, esse olhar cínico e superior... a impressão que me passa é que ele é do tipo professor de universidade, que você vai lá falar com ele (com toda a educação e justificativas plausíveis) pedindo uma nova data pra entregar um trabalho.

Daí ele, impassivo, olha pra você e simplesmente diz: "O trabalho é para ser entregue hoje. Se não entregar fica com zero."...

Alguém tem a mesma impressão?

... professor FDP.

domingo, 22 de março de 2009

Parte de mim ou "só sei que nada sei"

Uma das verdades sobre mim é que eu sei um pouco de tudo e muito de nada...


Talvez por gostar muito de ler eu tenha um leque bem amplo do que se chama de "conhecimento inútil". Pergunte uma curiosidade pra mim que eu vou saber ou já vou ter ouvido falar.


Mas quando se trata de algo específico, mais aprofundado eu dificilmente vou lidar bem com isso. É por essa razão que nunca me saio bem tentando esclarecer uma dúvida jurídica de alguém ou em uma discussão sobre o mesmo tema (só um de vários exemplos possíveis).


Não acredito que seja apenas com assuntos que me interessam pouco. O mesmo tipo de constrangimento já foi passado ao tratar de bandas, histórias, enfim, de temas que eu gosto.


Acho que a única coisa que eu conheço mais aprofundadamente, e mais do que ninguém, sou eu mesmo. A minha natureza e o meu interior.


Engraçado... ainda assim é o que me leva às maiores dúvidas.

sábado, 21 de março de 2009

Já aconteceu...

É um terreno nevado.

Uma imensidão branca. Nenhuma presença viva. Talvez o ser humano nunca tenha pisado nesse solo ou mesmo visto essa paisagem.

As únicas coisas que contrastam com o branco absoluto são o pálido azul do céu e poucas rochas negras que despontam aqui e ali.

Exatmente nesse dia não estava nevando. Exatamente nesse minuto o vento está parado. O Silêncio que ali se faz só pode ser comparado ao de um ponto isolado do espaço sideral. Nenhum ser humano seria capaz de "ouvir" esse silêncio, afinal de contas sua respiração, sua pulsação, a atividade de suas células quebrariam o vazio sonoro.

E de repente aconteceu. Naquele ponto isolado, naquele deserto gelado.... Aquilo foi tão extraordinário. Um superlativo do que qualquer compreensão possa chamar de fantástico.

Durou pouco tempo - talvez apenas o tempo necessário - e acabou.

O que era? Eu não sei, nem você, nem qualquer pessoa... Afinal, ninguém presenciou tal momento. Ninguém presenciou tal fato...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Originalidade uma quimera

Um dos maiores bloqueios que eu tenho quando quero escrever é a dificuldade em ser original.


Sempre acabo pensando em uma idéia que alguém já teve, ou como seria legal ter a idéia antes... Quem me dera ter  a imaginação e disposição do tamanho da de Tolkien pra criar um mundo inteiro em várias eras ou a loucura dos roteiristas de lost pra criar uma coisa tão montanhosa como aquela série.


Conversando sobre o assunto com um amigo ele me esclareceu o ponto de vista dele, com o qual eu concordo, de que,  em geral, ninguém cria nada 100% original. Tudo o que uma pessoa imagina ou inventa tem a ver com as experiências que teve (os livros que leu, as coisas que aprendeu, que viveu).  Nem Tolkien foi original. Ele se baseou na mitologia nórdica para criar seus elfos e anões, e os roteiristas de lost tanto se inspiram que fazem questão de mencionar de forma implícita o que os inspirou (menção a personagens de stephen king, teorias metafísicas de stephen hawking, etc). É praticamente impossível ser uma tábula rasa e aparecer com algo genial. O que torna algo original são os detalhes...Aliás, pelo visto a "cópia que gera originalidade" não tem limites... Se não houvesse Tolkien, não haveria Dungeons & Dragons, se não houvesse Dungeons & Dragons não haveria o Desenho que marcou a infância de toda a minha geração: "A Caverna do Dragão..."


Convencido de que original é pegar algo feito e colocar ali a sua marca, deixando perfeito para si, eu vejo que não devo me preocupar tanto com isso. Aliás, preocupação em excesso deve ser o que mais prejudica a criatividade e, portanto, a originalidade.


Eu me lembro do começo da faculdade, em que eu inventei, sem pretensão nenhuma, um personagem chamado "Bolinha Feliz" e várias tirinhas tendo ela como protagonista. Nada de muito elaborado, só um humor inocente e nonsense, mas que todos os meus colegas que viram gostaram...


E por falar em falta de pretensão, coincidentemente acabo de me deparar com este video na internet: Ben, um garoto de 14 anos, vendo como iminente o fato de seu pai perder o emprego, criou um video contando rapidamente essa história e pedindo um emprego para o seu pai de uma forma bem original



Pois é... a originalidade desse garoto é inspirada em um clipe da banda INXS que por sua vez foi inspirado por um video do cantor Bob Dylan... e por aí vai.

terça-feira, 17 de março de 2009

Endorfina em alta



Pedindo licença para roubar parcialmente o tema do post de uma amiga.

Em geral, depois da idade adulta, o homem começa a desenvolver a famosa barriguinha.

Já tem uns 7 anos que eu cultivo a minha e, entre um período de musculação e outro, nunca consegui perder. Digo entre um período e outro porque, pelas minhas contas, já fiz academia umas 5 vezes distintas. A que durou mais tempo foi uns 4 meses.

Nessa minha nova fase de vida, em que eu dei um chutão nos estudos, acabei tendo horas de ócio improdutivo, entediante e deprimente. Me decidi então por fazer um esporte.

Pois é, de um fui pra dois. Me inscrevi pra natação e musculação. Três dias por semana cada uma, sendo que em um dia faço os dois. A primeira semana é a comprovação do quanto se está fora de forma: dores... cansaço.. cãibras ... pessoas ao redor que não têm barriguinha...

Agora estou na terceira semana e estou adorando. Eu senti a endorfina. Ela existe! Andei lendo por aí que a endorfina é equivalente a uma droga opióide que tira a dor e estimula centros de prazer (inclusive diz-se que etimologicamente é a junção das palavras "endo" e "morfina"). Não faz mal por ser produzida no próprio organismo a medida que fazemos o exercício e necessitamos dela.

Não, eu não tenho me sentido um drogado. Não ando dizendo para os colegas de academia que eu os amo ou fico curtindo o incrível movimento do ventilador. Mas a verdade é que eu saio do exercício com uma incrível sensação de bem-estar, achando a lua bonita, achando as ruas bonitas, com vontade de cantar uma bela canção (nada fora do controle, claro).

A endorfina está sendo minha amiga e inclusive eu já me sinto um pouco viciado nela. Pela primeira vez em muito tempo eu tenho motivo pra querer que a semana comece: aquela sensação.

Eu sei que eu já passei por isso antes e acabei desanimando e desistindo. Mas espero manter dessa vez. Agora sou mais adulto, tenho mais noção do que quero e não tenho desculpas como estudar para a OAB ou fazer uma monografia para me tirarem disso.

E a natação. Poxa, quem diria, depois de 18 anos que eu fosse gostar de natação. Pois é. Quando eu tinha 9 anos fiquei traumatizado com um professor sacana que eu tinha que, por exemplo, ria quando eu tentava fazer alguns nados. Mas agora até o cheiro de cloro me faz falta (e não tem nada melhor do que se exercitar na água em uma cidade como mossoró).

Por enquanto eu ainda não faltei nem um dia e espero manter a animação.

Comecei os exercícios pelo físico e pela saúde, espero me manter pelo bem-estar... A ironia do exercício físico é que o que deveria nos cansar é o que dá mais disposição...

Finalizo aqui dizendo que nada pra mim parece vir fácil... acabou que ontem a piscina do SESC teve um problema em sua estrutura e está interditada sem previsão de retorno. Por enquanto vou ficando só na musculação, mas ô raiva, viu?

sexta-feira, 13 de março de 2009

Quando crianças ou o nosso cérebro não conhece o desconforto, ou simplesmente não há desconforto...
Um bebê ou criança de poucos anos pode passar a noite inteira com a fralda cheia de xixi, ou ficar brincando mesmo estando cagado há meia hora... A criança é capaz de dormir segurando um chocolate, mesmo que esteja sentada...
Enquanto nós, adultos, se chegamos suados da rua queremos logo tomar banho por ser muito desconfortável ficar assim, e achamos muito difícil dormir em uma cama bagunçada... aliás, a insônia é algo que acontece só com adultos também.
Podemos perceber além de tudo que quando criança só sentimos dor se tomamos um cascudo do irmão mais velho, se ralamos o joelho, e coisas assim... adultos temos dor de estômago, dor na coluna, dor de cabeça, dor nas juntas, dor no joelho, dor no dente, dor o dedinho, dor no cabelo... :p.
Não deve ser só por todos os órgãos serem mais novos, mas também pelo fato de estarmos cobertos por uma camada de "fofura" (se é que posso chamar assim). Quando pequenos a caminha é confortável, o lençolzinho é confortável, a roupinha é confortável, a areia é confortável, o mingau é confortável..

Saudades do conforto e da "fofura"...

Post publicado por mim em novembro de 2005 no antigo blog

Nota de revisão: não confundir "fofura" com "gordura". Depois que ganhei uns quilinhos a mais não senti mais conforto, muito pelo contrário.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Quero mais tempo para o tempo

(legal que com a reforma ortográfica que tirou o acento de "pára" esse título ficou ambíguo)




Hoje é quinta-feira, e eu podia jurar que ontem foi domingo.

Não estou falando de forma literal, mas também não estou brincando. O tempo está passando cada vez mais rápido!

Eu me lembro de quando eu tinha de 7 pra 8 anos o ano de 89 demorou uma eternidade pra acabar, e agora a sensação que eu tenho é que o ano começou semana passada...

Quando eu estava com 16 anos tentei teorizar isso. Chamei de "teoria da relatividade sensorial". Claro que de teoria não tinha nada. Não cheguei a fazer estudos nem pesquisa e nem mesmo problematizei a hipótese. Foi apenas a constatação perceptível de um fato... que acontecia comigo. E que provavelmente acontece com todo mundo, mais eu não sei.

Talvez eu seja apenas um leigo falando besteira e isso tudo já faça parte de estudos de psicologia e neurociência, mas eu precisava falar que to cada vez mais pasmo com isso.

Talvez tenha a ver com a proporção: quando eu tinha 5 anos um ano era 1/5 da minha vida. Realmente muita coisa. Agora que estou com 27 anos, um ano é 1/27 da minha vida! É como se a impressão de um ano que eu tinha aos 5 anos fosse o equivalente a 5 anos e 3 meses pra mim atualmente. Ou como se o que eu sinto de um ano agora fosse apenas uns dois meses e alguns dias para a sensação que eu tinha aos 5 anos.

E será que isso não vai ter mais limites? Se for assim, levando em conta a sensação temporal que um ano está significando pra mim hoje, e que exponencialmente cada vez ele vai significar menos, a sensação de um ano passado hoje vai acabar sendo a época em que meu filho vai estar indo à escola... mais um desses anos e ele vai estar casando... e com mais um eu vou estar com meus netos e perto de morrer...

Estava pensando neste post desde ontem e acabou que eu não fiquei satisfeito com ele... e sabem o que é pior? Escrevê-lo me tirou tempo... tempo que eu não podia perder porque ele acaba!

Então vou completar essa idéia com outra antagônica. O tempo não existe. Se você está parado num ponto no meio do espaço, longe de qualquer planeta e de qualquer movimento de rotação e translação quantos minutos, horas ou dias estão se passando? Se não há referencial (um pêndulo, um sol nascendo e se pondo, um objeto em velocidade diferente da sua) não há tempo. O tempo é uma criação... feita pra coincidir com forças físicas e químicas e com nosso ciclo biológico. Na verdade todas as épocas existem. Ponto. É a 4ª Dimensão.

Na verdade eu não sou físico... nem astrônomo... nem nunca cheguei nem perto de ter algum conhecimento profundo disso tudo. Mas de uma coisa eu tenho certeza, e vocês podem perceber: o tempo me deixa louco.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Chico

Sabem... eu tenho um cão imaginário.


O nome dele é Chico e ele é um Teckel pêlo longo (raça mais conhecida em sua versão de pêlo curto como Salsichinha ou Cofap).


Chico já é meu cãozinho imaginário há pelo menos 4 anos. Vocês não fazem idéia do cão maravilhoso que ele é. Ele sabe quando eu to triste, e vem abanando o rabo bem de leve, tímido, cheirando minha mão sem desgrudar o olhar do meu rosto. Aí ele dá uma lambidinha na ponta dos meus dedos pra fazer eu abrir um sorriso e fazer um afago nele. Ele sabe que isso faz tão bem pra mim quanto pra ele.


Chico não é um cão manequim, que não faz nada. Ele é bem peralta pra dizer a verdade. Já mastigou alguns chinelos e alguns livros nossos. Mas depois que a gente ensinou que não pode fazer ele aprendeu. Ele é muito inteligente.


É muito bom chegar em casa e ser recebido por ele. Ele demonstra uma felicidade enorme por a gente ter voltado. Parece até que somos os heróis dele. Faz a gente se sentir especial... e tudo que a gente precisa fazer é dar um carinho aqui e ali e um pouco de atenção.


Não late mais dentro de casa. Aliás, ele só late quando a gente tá brincando na rua, ou quando algum estranho vem falar comigo sem cumprimentar ele também.


É verdade. Ele se acha gente. O que só pode ser muita megalomania, porque nem um cãozinho de verdade ele é ainda! E talvez ainda deixe de ser por um tempo... mais uma vez vamos usar a razão e adiar a transformação de chico em realidade. Faço isso não pensando só em mim, no trabalho que eu ia ter, que na verdade seria um prazer. Penso mais na dedicação e tempo que ele precisaria da gente e não poderíamos dar... e meu chico não é um cão qualquer. Ele merece atenção. Ele merece ser um cãozinho feliz...


Eu não sei por quanto tempo Chico vai ser um cãozinho imaginário. Mas eu vou transformá-lo em real... eu prometo. Nem que precise procurar a fada azul pra isso.


Até logo, Chico...


domingo, 8 de março de 2009

Relatório de exploração 135

Aparência externa do orbe: grandeza 2, cor amarelo âmbar.


Atmosfera densa. Umidade alta. Através do céu observa-se expressivo número de nuvens cáusticas. Flutuando junto a elas enormes bolhas orgânicas. Essas criaturas alimentam-se de elementos mineirais difusos no ar, sintetizando substâncias orgânicas mais complexas que se soltam de suas estruturas em direção ao solo e lá chegam em forma de pó ou misturados aos líquidos pluviais. Algumas dessas criaturas estão agrupadas em provável processo reprodutivo.


Abaixo da espessa camada de nuvens, pode-se verificar uma extensão imensa do que pode ser chamado de uma floresta típica. Até uma área cujo limite do raio corresponde ao horizonte, tudo o que se vê é esse mando esverdeado. Aumentando a velocidade de planagem e percorrendo-se uma grande distância, verifica-se que esre panorama não muda.


Ausência de oceanos. Apenas alguns lagos muito extensos, de cor alaranjada.Floresta


Por sob a copa das plantas o ambiente é mais escuro, pantanoso. Pequenos poços fumegantes espalham-se na extensão do solo. Conclusão de dependência da flora ao calor geotérmico produzido. Ambiente de estufa natural.


Presença expressiva de organismos menos complexos similates a bactérias e fungos


Seres grandes sobem nas corpos das plantas e vivem em suas copas numa pseudo-sociedade equivalente à de primatas selvagens. Seus corpos não escamosos e seus membros anteriores possuem quatro dedos com polegares opositores.


Criaturas menores, de quatro membros, esqueletos externos e asas translúcidas sobrevoam o ambiente.


Não verificada presença de organismos complexos nos lagos.


Ausência de forma de vida com inteligência racional.  Encerrando exploração 135


Sonda Aeverniana 425-E

sábado, 7 de março de 2009

Para Sempre



Em um país distante, em meio a mais uma guerra sem sentido que nunca mais será lembrada pelos seus motivos, apenas pelas suas conseqüências, dois amigos caminhavam juntos. Há alguns dias separados de seu batalhão, esses dois sobreviventes caminhavam juntos.

Não eram apenas amigos, eram os melhores amigos. Acima de qualquer rotulagem vil que poderiam querer lhes dar, acima de qualquer interesse maior, eles eram amigos. Verdadeiros irmãos.

E de repente, no meio daquela imensidão branca de colinas nevadas eles se encontraram numa bifurcação.

- Eu to cansado...
- É, eu sei. Eu também.
- Vamos pra esquerda?
- Mas... eu queria ir pra direita...
- Desculpa... mas eu sinto que eu preciso ir pra esquerda.
- Eu entendo... e eu tenho que ir pra direita.
- Pois é aqui então que a gente se separa. Mas veja se consegue ser forte. Lembra daquela vez em que você ficou preso na avalanche? Mal tinha forças pra se erguer, desistia. Tive que gritar com você pra te dar a coragem...
- Eu sou mais forte agora. Sei que sou. E você... veja se consegue planejar melhor suas indicações no seu diário. Assim você não se perde mais. Tá lembrado que pra você começar esse diário foi a maior dificuldade? Se eu não te apoiasse...
- É sim...
- Então é isso.
- É isso...
- Adeus amigo.
- Adeus...
- Escuta... a gente não vai deixar de ser amigo, né?
- Não. Fique tranqüilo. A gente vai ser amigo pra sempre.
Deram um abraço, seguiu cada um para o seu lado. Os motivos e os caminhos eles conheciam.

Nunca mais se viram...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Palíndromos

Um palíndromo é uma palavra, frase ou qualquer outra sequência de unidades que tenha a propriedade de poder ser lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita. Num palíndromo, normalmente são desconsiderados os sinais ortográficos, assim como o espaços entre palavras.

Quem nunca brincou quando criança dizendo que o contrário de ana é ana e o de ovo é ovo? Animal é lâmina e Marrocos é socorram?

Seguem abaixo alguns que achei muito bons (nenhum é de minha autoria):

"Reter e rever para prever e ter"


"Socorram-me, subi no ônibus em Marrcos"


"Luza Rocelina,  a namorada do Manuel, leu na moda romana: anil é cor azul"

"A droga do dote é todo da gorda"

"A Rita sobre o vovô verbos atira"


"Roma me tem amor e o poeta ama até o pó" (mudando a ordem das frases)

Adoro mexer com palavras, mas não tenho paciência para inventar essas coisas.

segunda-feira, 2 de março de 2009

O que eu vou ser quando eu crescer?

No ano encerrado eu tomei algumas resoluções pra minha vida. A principal é que eu cansei de viver estudando pra concursos, buscando a possibilidade de ingressar em carreiras para as quais não tenho vocação.

Sim, vocação... engraçado é que quando eu quis fazer Direito e fui aprovado no vestibular eu tinha a certeza absoluta de que era a minha vocação. Afinal era a vocação da minha mãe com quem sempre me identifiquei, era a previsão de alguns professores do segundo grau que diziam que eu tinha jeito. Nem o teste vocacional oferecido pela minha escola eu quis fazer. Afinal, meu negócio era Direito.


Na escolha da segunda opção de curso, no formulário do vestibular, eu coloquei um curso mais concorrido que Direito: Psicologia. Mas se era segunda opção eu devia ter escolhido um curso com pouca concorrência! Ué, pra que? Meu negócio era Direito. E eu ia ser bom.


A verdade é que bastou um semestre pra eu desconfiar que não era minha vocação. Com mais uns quatro semestres eu tive certeza, mas aí já era tarde demais pra deixar um curso pela metade, ainda mais pra alguém que sempre quis ter independência financeira.


Me formei, fui chamado em um concurso em que eu praticamente trabalho direto na área da minha graduação. Mas vale salientar: pro paradigma do bacharelado jurídico o meu cargo é muito abaixo das possibilidades.


O sonho de 90% dos bacharéis em Direito é ser Juiz, Promotor, Procurador, Auditor, Delegado, Advogado... e eu acabei indo na onda: “tenho que estudar, tenho que passar, tenho que ganhar dinheiro, tenho que...” ... viver? Já tava me esquecendo de viver. De fazer o que eu gosto, de deixar de adiar planos.


O que eu sempre ouvi nesse meu tempo de concurseiro foi: “o sacrifício é temporário, depois vem a recompensa”; “a dor é passageira o cargo é para sempre”, etc. Mas aí no meio de tudo isso eu descobri o que sempre tentaram nos ensinar na TV ou em livros de auto-ajuda: dinheiro é necessário, mas não é tudo. Eu me imagino um jurista infeliz, trabalhando no que não quero em tempo integral, e usando um pedacinho daquele meu gordo salário pra pagar uma terapia.


E qual é a minha vocação? Eu gosto muito de escrever. Talvez este blog seja a minha vocação. Eu posso não escrever bem, perfeitamente ou de forma interessante, mas é o que eu gosto. Quem me dera viver disso, mas se não posso, espero poder continuar fazendo isso.


Eu ainda acredito naquela idéia de que as pessoas são felizes fazendo aquilo que gostam. Eu quero fazer o que eu gosto. Meu emprego é um detalhe. Serve pras minhas outras necessidades e não toma tanto tempo.


Engraçado que eu acho que se hoje eu estivesse em ano de vestibular e tivesse que escolher um curso eu não escolheria letras. Aliás, eu já comecei o curso de letras, mas me desiludi quando vi que 80% era voltado a ensinar o graduando a ser professor. Eu escolheria alguma profissão que tivesse ligação com animais ou plantas... veterinária, biologia...


De qualquer forma eu descobri que tudo que eu gosto dá pra ter um espaço na minha vida: animais, escrita, leitura, música... a profissão é só minha subsistência.


O que eu quero ser quando eu crescer? Feliz...

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Com fabulando

Clarinha sempre gostou muito de escrever. Certa tarde ela sentou à frente de sua escrivaninha, tirou seu caderno enfeitado da gaveta e a canetinha azul de corpo branco que já estava posicionada num copinho no canto da mesa.

Abriu seu caderninho em uma página em branco e passou a língua na ponta da caneta pensando: "Hoje eu quero escrever uma fábula!!"

Mas quem seria o personagem principal? Aliás, o que seria o personagem principal? Ela queria ser original, mas todos os clássicos já haviam sido usados: cachorros, gatinhos, porquinhos, lobos... tem até aquela historinha em que o prato e a colher saem dançando pela rua enquanto a vaca pulava em direção à lua.

Pensou então em fazer algo bem diferente. Que tal um orninto... onirto... otorrino... "Ah não!" - pensou ela - "ornitorrinco é um bicho muito chato". Assim como ter que escrever essa palavra diversas vezes, não é mesmo?

Teve a idéia de escrever sobre peixinhos se aventurando ou o que os brinquedos fazem quando não estamos olhando. Percebeu que esses eram temas de flmes que ela tinha visto em suas últimas férias...

Nesse momento sua mãe, uma ovelha gordinha e muito amável, entrou em seu quarto:

- Clarinha, tem sorvete de chocolate na cozinha, vamos tomar?

- Oba!!

E saiu a pequena ovelhinha, saltitando em direção à cozinha, e largou sua fábula inacabada em cima da escrivaninha

Clarinha, nesse dia, aprendeu uma importante liçao: para escrever uma fábula original tem que estar com muita imaginação. Para tomar um sorvete, não.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Insônia

Eu bem me lembro de quando eu era criança e lavava o rosto para conseguir ficar acordado até tarde e ver o filme da sessão das dez... mas adormecia.


E quando eu era adolescente e no fim de semana tomava café, porque eu tinha a idéia fixa de que de madrugada passavam filmes fantásticos  e queria virar a noite(e não estava de todo errado. Alguns filmes de mistério e ficções eram muito bons).


Mas no fim das contas o sono nunca foi um problema para mim. Sempre fui condicionado a deitar, pensar em certas coisas e adormecer, ou deixar a TV no timer e dormir ouvindo seu som. A não ser de forma proposital, ou com algum problema físico, eu nunca ficava privado de sono..


Mas eu conheci a insônia. No fim do ano passado e início desses eu vivi , por um conjunto de fatores, esse pequeno inferno. A insônia é uma besteira pra quem nunca a teve. Eu achava ela até meio romântica - a pessoa bem desperta, acordada sozinha, no silêncio da noite, vendo o que ninguém mais vê, enquanto todos os outros desperdiçam seu tempo na terra dos sonhos.


Mas não... a insônia não é bonita. Ela é horrível... o pesadelo acordado.


Eu cheguei a ficar mais de 40 horas sem conseguir pregar o olho. E eu tentei. Deitava pra cochilar, fechava os olhos, tomava chá, relaxava. Mas o sono não vinha e o desespero era enorme. Ao fim dessas 42 horas eu já me sentia mais zumbi do que humano.


E depois eu ainda tive outros dias de insônia. A insônia é uma tortura... privar alguém de sono é um castigo físico e moral. E pode haver quem ache graça ou medo disso: eu vi e ouvi coisas nesse período. Mediunidade ou alucinação? (eu acabo acreditando que é um pouco de cada, mas sobre mediunidade eu deixo pra falar depois). E tem mais um detalhe da insônia: ela traumatiza. Por várias vezes enquanto a noite chegava eu já começava a ter o medo de que o sono não viria... simplesmente aterrorizante.


Atualmente eu estou dormindo a noite toda. Digamos que voltei ao normal. Só tem um pequeno detalhe: eu tenho a nítida impressão de que as sensações que eu tinha no sono, e de sono, antes da minha fase insone eram diferentes... eram melhores, mais gostosas. Talvez seja o trauma que ainda não passou... talvez alguma parte do meu cérebro esteja "queimada"... mas é diferente.


Eu já li que tem pessoas que passam cerca de 70, 80, 90 horas sem um minuto de sono... só sei que agora que eu experimentei um pouco disso acho essa idéia extremamente apavorante. Tenho pena delas...


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Que estória é essa?

A maioria de nós aprendeu, durante o ensino fundamental, que existem dois tipos de histórias. As professoras nos ensinavam que história estaria relacionada ao passado e ao seu estudo e a estória seria a família de gêneros como a narrativa, a fábula, e os contos de fadas. Mas afinal existe mesmo a palavra estória? Teria ela existido em outros tempos, mas hoje entrado em desuso? É necessária essa distinção?

É fato que o vocábulo já foi achado em registros medievais portugueses, mas ele em nada se diferenciava do significado da história atual. Aliás, em registros daquela época também se encontram os vocábulos estórea, istória, hestórea, o que revela mais um processo de definição e sedimentação da língua do que uma tentativa de variar seu sentido. No Brasil foi proposto por João Ribeiro em 1919 o termo estória para designar a narrativa popular e o conto tradicional, objetos de estudos dos folcloristas da época. O historiador e folclorista Luís da Câmara Cascudo também sempre defendeu a adoção de estória para que fosse possível uma distinção, assim como existe entre os termos story e history do inglês.

O professor Cláudio Moreno, da UFRGS considera desnecessária essa diferenciação, ainda mais sob o pretexto de ela estar presente em outras línguas e não no português. Afinal isso não é exclusividade da palavra história. Utilizamos a palavra escada tanto para designar aquelas feitas de madeira que encostamos na parede para pendurar um quadro, quanto àquelas fixas, construídas junto com o imóvel, com corrimão (respectivamente ladder e stairs no inglês). “O Espanhol designa com um único vocábulo (celo, celos) o que nós distribuímos por três: zelo, cio e ciúme. Invejamos o story do Inglês? Eles então devem ficar verdes diante de nosso ser e estar, distinção fundamental na vida e na Filosofia, que eles simplesmente desconhecem”, afirma o professor. Aliás, no universo das nações que falam o português apenas no Brasil foi tentada essa diferenciação. O professor José Neves Henriques, de Portugal, condena essa invenção e diz que “até agora, nunca confundimos os vários significados de história. O contexto e a situação têm sido mais que suficientes para distinguirmos os vários significados”.

A verdade é que a estória, apesar de aceita por vários autores e até pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, nunca fez parte, oficialmente da história da língua portuguesa (de forma geral). E é por isso que todos nós podemos continuar lendo a história do Descobrimento do Brasil ou a história da Chapeuzinho Vermelho sem o medo de cometer um erro ortográfico.

(Autor: Guliver Lee – 24/11/2007)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Karmaval

Carma ou karma (do sânscrito कर्म, transl. Karmam, e em pali, Kamma, "ação") é um termo de uso religioso dentro das doutrinas budista, hinduísta e jainista, adotado posteriormente também pela Teosofia, pelo espiritismo e por um subgrupo significativo do movimento New Age, para expressar um conjunto de ações dos homens e suas consequências. Este termo, na física, é equivalente a lei: "Para toda ação existe uma reação de força equivalente em sentido contrário"

É mais ou menos o que acontece quando se passa 4 dias de paz e sossego, assistindo a filmes, lendo livros, vendo séries na TV e nadando na piscina. Aí, no retorno ao lar, existe um trio elétrico plantado na frente de casa e centenas de foliões participando de uma festa que acontece na quarta-feira de cinzas de todo ano única e exclusivamente nesta rua...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Samingo



Essa já é batida pra quem me conhece há algum tempo...

Um feriadão desses faz eu perceber que um fim de semana de dois dias é insuficiente para que um ser humano relaxe completamente.

Geralmente se tira o sábado para resolver coisas: compras, limpeza, curso... e de qualquer forma a pessoa ainda não relaxou completamente daquele último dia de trabalho em que teve algum abacaxi pra responder. Sobra o sábado à noite, mas aí já é quase domingo...

O domingo a pessoa tem que escolher: ou descansa ou se diverte. Os dois é impossível. Se saiu na noite do sábado então agora o negócio é descansar. Mas isso só até de tardezinha, quando vem aquele nozinho na garganta de saber que amanhã você já tem que acordar cedo para trabalhar/estudar.

O fim de semana de três dias seria glorioso, e o dia do meio, o "samingo", seria o mais fantástico de todos. Aquele em que você não estaria nem estressado com o dia de ontem e nem preocupado com o dia de amanhã.

No dia em que eu for presidente eu instauro o samingo... (nem que seja numa aventura de RPG)

domingo, 22 de fevereiro de 2009

O Carnaval envelheceu

Foi-se o tempo em que o Pierrot morava em festas. Em fevereiro era coberto de confetes e serpentina, rodopiando alegre e risonho ao som de uma marchinha de carnaval.

Hoje em dia, em plema festa pagã, cá está ele, curtindo a programação da tv, tomando um copo de whisky, sua maquiagem já seca e se desfazendo, sua circunferência abdominal extremamente dilatada.

Em outros tempos ele se preparava para encontrar a Colombina. Ele bem se lembra do beijo que ambos deram no meio do salão. Mas nunca mais se falaram. E onde ela está?

A Colombina também envelheceu. Ela está pelo mundo, conhecendo lugares novos e vivendo outras histórias de amor. Ela também se lembra do beijo do Pierrot. E imagina o que aquele palhaço (no bom sentido de sua indumentária, claro), fez da sua vida. Ela ainda está sambando nos carnavais da vida, mas já pensa na hora em que se preocupará com seus pequenos indo ao baile.

E o Arlequim hein? Ah, o Arlequim não mudou nada. Está lá no meio da fanfarra, soprando uma cornetinha, puxando o trenzinho. Partindo o coração de outras Colombinas, enchendo de raiva outros Pierrots. Ele está esfuziante. Pelo menos até a 4ª Feira de cinzas, quando as luzes serão apagadas, os metais e tambores guardados, os confetes varridos do chão. E aí, mais uma vez, ele será o mais triste dos três.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Cíclico

- Oi
- Er... oi, tudo bem?
- Tudo. Você já tá há muito tempo aqui?
- Não muito.
-...
-...
- É meio chato né?
- O que?
- Ficar aqui...
- Pra falar a verdade é.
- É meio branco isso aqui né?
- Humrum
- E com um pouco de cinza..
- Pois é.
- Mas então o que a gente faz aqui?
- Como assim "a gente"? Caso não tenha percebido, nós somos apenas letras, palavras, frases, compondo um diálogo um tanto quanto absurdo.
- Hã?!?!?!?!
- É sim. Você realmente acha que está falando? Você tem boca? Você tem mãos? Você tem pelo menos alguma estrutura física possível de um ser vivo?
- Pára cara, você tá me assustando.. aliás, eu acho que você é meio louco.
- Eu não sou louco, nem cara... sou só essas letras que estão formando este pequeno colóquio. E você também.
- Tá... eu acho que você pode ter razão... que coisa louca.
- Ah, to acostumado.
- Mas peraí... você falou "pequeno colóquio"... "pequeno"? Então quando esse texto acabar acabou? A gente já era? fim?
- É pode-se dizer que sim...
- Mas isso é como a morte! Você não liga?
- E o que eu posso fazer?
- Hmm... já sei!
- O que?
- Oi
- Er... oi, tudo bem?
- Tudo. Você já tá há muito tempo aqui?
- Não muito.
-...
-...
(...)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Pequenas vitórias

Quando eu era criança me encantava com muita besteira...


Tá... "besteira" é muito relativo. É o que a minha cabeça de gente grande - sem graça e chata, cheia de preocupações - não consegue mais dar valor.


Quando eu tinha 4 anos meu pai me dizia que queria que eu andasse de bicicleta sem rodinhas. E eu falava: "só quando eu fizer 5 anos!" Mas ele insistia. Eu me lembro que me importava com a missão de ter que andar de bicicleta, dar orgulho pro meu pai, e me achar mais (forte, ágil, foda). Primeiro eu comecei a andar com uma rodinha só. E depois finalmente andava sozinho (já não me lembro se foi antes dos 5 anos).


A mesma coisa foi quando eu nadei sozinho na piscina funda. Dessa eu me lembr quase perfeitamente. Acho que foi uns dois anos depois. Eu já fazia aula de natação em piscina rasinha, com prancha colorida e professora fazendo brincadeira. Mas foi numa festa de colegas dos meus pais em uma casa que tinha uma piscina que eu me aventurei. A festa era à noite. Meu irmão e outros coleguinhas nadavam na piscina, já eu ficava me segurando na beirada. E então, num momento de falta de raciocínio, de emoção além da razão eu me joguei... e vivi uma noite gloriosa, memorável. Eu mergulhava, eu atravessava a piscina. Eu desafiava os que duvidavam que eu conseguia encostar minha mão no fundo. E ao fim, após muitos: "paiii, olha!!! mãe, olhaaa!" eles queriam ir embora e eu não queria ir... porque a partir daquele dia eu era um nadador.


Outras vitórias e conquistas como estas vieram ao longo a vida (terminar de montar um quebra-cabeças, plantar bananeira no ginásio do colégio), mas aos poucos eu fui mudando o foco e valorizando pouco coisas do tipo.


Não sei se é porque crescemos e o mundo fica muito maior, mas pelo menos olhando pra dentro de mim eu sei que essas pequenas conquistas faziam eu me sentir melhor do que qualquer aprovação no vestibular ou convocação em concurso público.


Quem sabe já não esteja perto de eu reviver as pequenas vitórias.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

E volto mais uma vez...

Infelizmente não consegui migrar meu antigo blog pra cá. Até tentei mas tá complicado.

De qualquer forma a nova tentativa (esse já é o meu endereço de blog) é sair daquele velho diarinho ou daquelas tentativas frustradas de ter uma legião de seguidores que me comentassem todo dia...

Esse daqui é meu... meu espaço... meus textos. Um grito revoltado para afirmar a minha identidade. Fugir de um paradigma. Finalmente este sou eu?

Ficções? Contos? Fábulas? Crônicas? Loucuras? Quem sabe um pouco de cada.