terça-feira, 31 de março de 2009

Guia de Sobrevivência em Mossoró

Devo começar este texto esclarecendo que ele não tem intenção nenhuma de ofender (mesmo porque, até segunda ordem, eu agora faço parte da população mossoroense). Minha idéia foi relatar observações sobre a cidade. Fatos empíricos.


1- O calor de Mossoró é famoso. Eu não precisava nem citá-lo. Mas, ao contrário do que eu pensava antes de vir morar aqui, não é apenas porque fica longe do litoral. A impressão que dá é que o sol escolheu exatamente esta cidade para ser masi forte e mais brilhante. O sol entre as 10 e as 16 horas aqui não causa apenas o risco de câncer de pele, causa risco de carbonização. Aliás, fala-se aqui que mossoró tem 4 estações do ano bem definidas: Verão, mormaço, calor e quintura.


2-As ruas são feitas de Sonrisal. Basta cair uma chuva que elas dissolvem. A cada dia aparece um buraco novo. Cada saída é mais um Rally.


3- Falando em chuvas, Mossoró possui 9 meses de seca e 3 meses de dilúvio. A chuva de Mossoró, quando cai, cai com raiva. Aqui não existe "chuviscar". Se é pra chover, chove muito.


4- O trânsito em Mossoró não é um caos. Reconheço que todo esse tempo aqui eu nunca fiquei preso com engarrafamento (em Natal era comum). Em compensação a educação no trânsito é horrível. As pessoas não perdem a oportunidade de avançar um sinal vermelho. Há muitos motoqueiros e o esporte preferido deles é ultrapassar pela direita (já quase matei dois).


5-Estacionar no centro da cidade em horário comercial é uma façanha comparável à visão de um OVNI. Isso porque todo mundo tem que ter carro ou moto, tendo em vista que o transporte público é mais raro que as vagas do centro. Aliás, pelo mesmo motivo tem muito mototaxista. Muito.


6-Aqui não tem banca de revistas. Até hoje eu ão consegui entender como uma cidade de 250000 habitantes não possui revistarias. Só vi uma loja no centro chamada "casa da revista". De resto só se vê jornais sendo vendidos nas farmácias ou perto dos caixas de supermercado.


7-Falando em supermercado, aqui só um tm ar-condicionado. Por enquanto ele ainda é o melhor daqui (outros serão abertos). Mesmo assim não compreendo como ele pode ser tão sujo. Não, não é uma imundície de feira livre, mas eu falo isso comparando com os supermercados grandes de Natal, que apesar do tamanho têm os corredores bem limpinhos. Se eles conseguem porque esse pequeno não consegue? E aparentemente as pessoas não ligam. Na padaria do supermercado, certo dia, tinha duas moscas varejeiras dentro da vitrine, junto com os pães. Ninguém reclamavam compravam mesmo assim. Eu não comprei. Pão não dá pra lavar, né?


8- Mossoró não tem a principal vantagem de cidades de interior: preços baratos. Os produtos e serviços aqui são tão ou mais caros do que na capital.


9-O Shopping de Mossoró é, em parte, decepcionante. É um shopping perfeito pro tamanho da cidade, só que com quase dois anos de existência metade das lojas ainda estão fechadas! E o cinema? Nem lá nem em lugar nenhum... Mossoró não tem cinema...


10-Mossoroense, em geral, é ufanista. Não é realmente um defeito. Eu acho bonito a pessoa ter orgulho da própria terra. Só que tem coisa que eu acho difícil de ouvir do tipo: "Natal não presta, Mossoró é bem melhor". Minha nossa... Posso dizer sem medo que a qualdiade de vida na capital é melhor. E eu não sou um defensor ferrenho de Natal. Nem natalense sou.


A verdade é que apesar de tudo isso eu estou bem em Mossoró, e o que mais me anima é o potencial de crescimento que ela tem. A quantidade de projetos, os investimentos que aparecem, eu tenho certeza que em alguns anos vai ser até difícil de reconhecer. Aliás, se eu for para pra pensar bem, muitas das coisas que eu acho ruins de Mossoró hoje em dia eram da mesma forma em Natal quando eu cheguei em 89.


Uma coisa que tenho concluído é que é totalmente possível ser feliz em qualquer lugar. Só depende de si mesmo.


quarta-feira, 25 de março de 2009

Cogito, Ergo Sum um FDP

Navegando na net eu me deparo com esse retrato do grande pensador René Descartes:Eu não sei porque eu fico com isso na cabeça... me perdoem se eu não conseguir explicar...

Mas essa fisionomia dele, esse olhar cínico e superior... a impressão que me passa é que ele é do tipo professor de universidade, que você vai lá falar com ele (com toda a educação e justificativas plausíveis) pedindo uma nova data pra entregar um trabalho.

Daí ele, impassivo, olha pra você e simplesmente diz: "O trabalho é para ser entregue hoje. Se não entregar fica com zero."...

Alguém tem a mesma impressão?

... professor FDP.

domingo, 22 de março de 2009

Parte de mim ou "só sei que nada sei"

Uma das verdades sobre mim é que eu sei um pouco de tudo e muito de nada...


Talvez por gostar muito de ler eu tenha um leque bem amplo do que se chama de "conhecimento inútil". Pergunte uma curiosidade pra mim que eu vou saber ou já vou ter ouvido falar.


Mas quando se trata de algo específico, mais aprofundado eu dificilmente vou lidar bem com isso. É por essa razão que nunca me saio bem tentando esclarecer uma dúvida jurídica de alguém ou em uma discussão sobre o mesmo tema (só um de vários exemplos possíveis).


Não acredito que seja apenas com assuntos que me interessam pouco. O mesmo tipo de constrangimento já foi passado ao tratar de bandas, histórias, enfim, de temas que eu gosto.


Acho que a única coisa que eu conheço mais aprofundadamente, e mais do que ninguém, sou eu mesmo. A minha natureza e o meu interior.


Engraçado... ainda assim é o que me leva às maiores dúvidas.

sábado, 21 de março de 2009

Já aconteceu...

É um terreno nevado.

Uma imensidão branca. Nenhuma presença viva. Talvez o ser humano nunca tenha pisado nesse solo ou mesmo visto essa paisagem.

As únicas coisas que contrastam com o branco absoluto são o pálido azul do céu e poucas rochas negras que despontam aqui e ali.

Exatmente nesse dia não estava nevando. Exatamente nesse minuto o vento está parado. O Silêncio que ali se faz só pode ser comparado ao de um ponto isolado do espaço sideral. Nenhum ser humano seria capaz de "ouvir" esse silêncio, afinal de contas sua respiração, sua pulsação, a atividade de suas células quebrariam o vazio sonoro.

E de repente aconteceu. Naquele ponto isolado, naquele deserto gelado.... Aquilo foi tão extraordinário. Um superlativo do que qualquer compreensão possa chamar de fantástico.

Durou pouco tempo - talvez apenas o tempo necessário - e acabou.

O que era? Eu não sei, nem você, nem qualquer pessoa... Afinal, ninguém presenciou tal momento. Ninguém presenciou tal fato...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Originalidade uma quimera

Um dos maiores bloqueios que eu tenho quando quero escrever é a dificuldade em ser original.


Sempre acabo pensando em uma idéia que alguém já teve, ou como seria legal ter a idéia antes... Quem me dera ter  a imaginação e disposição do tamanho da de Tolkien pra criar um mundo inteiro em várias eras ou a loucura dos roteiristas de lost pra criar uma coisa tão montanhosa como aquela série.


Conversando sobre o assunto com um amigo ele me esclareceu o ponto de vista dele, com o qual eu concordo, de que,  em geral, ninguém cria nada 100% original. Tudo o que uma pessoa imagina ou inventa tem a ver com as experiências que teve (os livros que leu, as coisas que aprendeu, que viveu).  Nem Tolkien foi original. Ele se baseou na mitologia nórdica para criar seus elfos e anões, e os roteiristas de lost tanto se inspiram que fazem questão de mencionar de forma implícita o que os inspirou (menção a personagens de stephen king, teorias metafísicas de stephen hawking, etc). É praticamente impossível ser uma tábula rasa e aparecer com algo genial. O que torna algo original são os detalhes...Aliás, pelo visto a "cópia que gera originalidade" não tem limites... Se não houvesse Tolkien, não haveria Dungeons & Dragons, se não houvesse Dungeons & Dragons não haveria o Desenho que marcou a infância de toda a minha geração: "A Caverna do Dragão..."


Convencido de que original é pegar algo feito e colocar ali a sua marca, deixando perfeito para si, eu vejo que não devo me preocupar tanto com isso. Aliás, preocupação em excesso deve ser o que mais prejudica a criatividade e, portanto, a originalidade.


Eu me lembro do começo da faculdade, em que eu inventei, sem pretensão nenhuma, um personagem chamado "Bolinha Feliz" e várias tirinhas tendo ela como protagonista. Nada de muito elaborado, só um humor inocente e nonsense, mas que todos os meus colegas que viram gostaram...


E por falar em falta de pretensão, coincidentemente acabo de me deparar com este video na internet: Ben, um garoto de 14 anos, vendo como iminente o fato de seu pai perder o emprego, criou um video contando rapidamente essa história e pedindo um emprego para o seu pai de uma forma bem original



Pois é... a originalidade desse garoto é inspirada em um clipe da banda INXS que por sua vez foi inspirado por um video do cantor Bob Dylan... e por aí vai.

terça-feira, 17 de março de 2009

Endorfina em alta



Pedindo licença para roubar parcialmente o tema do post de uma amiga.

Em geral, depois da idade adulta, o homem começa a desenvolver a famosa barriguinha.

Já tem uns 7 anos que eu cultivo a minha e, entre um período de musculação e outro, nunca consegui perder. Digo entre um período e outro porque, pelas minhas contas, já fiz academia umas 5 vezes distintas. A que durou mais tempo foi uns 4 meses.

Nessa minha nova fase de vida, em que eu dei um chutão nos estudos, acabei tendo horas de ócio improdutivo, entediante e deprimente. Me decidi então por fazer um esporte.

Pois é, de um fui pra dois. Me inscrevi pra natação e musculação. Três dias por semana cada uma, sendo que em um dia faço os dois. A primeira semana é a comprovação do quanto se está fora de forma: dores... cansaço.. cãibras ... pessoas ao redor que não têm barriguinha...

Agora estou na terceira semana e estou adorando. Eu senti a endorfina. Ela existe! Andei lendo por aí que a endorfina é equivalente a uma droga opióide que tira a dor e estimula centros de prazer (inclusive diz-se que etimologicamente é a junção das palavras "endo" e "morfina"). Não faz mal por ser produzida no próprio organismo a medida que fazemos o exercício e necessitamos dela.

Não, eu não tenho me sentido um drogado. Não ando dizendo para os colegas de academia que eu os amo ou fico curtindo o incrível movimento do ventilador. Mas a verdade é que eu saio do exercício com uma incrível sensação de bem-estar, achando a lua bonita, achando as ruas bonitas, com vontade de cantar uma bela canção (nada fora do controle, claro).

A endorfina está sendo minha amiga e inclusive eu já me sinto um pouco viciado nela. Pela primeira vez em muito tempo eu tenho motivo pra querer que a semana comece: aquela sensação.

Eu sei que eu já passei por isso antes e acabei desanimando e desistindo. Mas espero manter dessa vez. Agora sou mais adulto, tenho mais noção do que quero e não tenho desculpas como estudar para a OAB ou fazer uma monografia para me tirarem disso.

E a natação. Poxa, quem diria, depois de 18 anos que eu fosse gostar de natação. Pois é. Quando eu tinha 9 anos fiquei traumatizado com um professor sacana que eu tinha que, por exemplo, ria quando eu tentava fazer alguns nados. Mas agora até o cheiro de cloro me faz falta (e não tem nada melhor do que se exercitar na água em uma cidade como mossoró).

Por enquanto eu ainda não faltei nem um dia e espero manter a animação.

Comecei os exercícios pelo físico e pela saúde, espero me manter pelo bem-estar... A ironia do exercício físico é que o que deveria nos cansar é o que dá mais disposição...

Finalizo aqui dizendo que nada pra mim parece vir fácil... acabou que ontem a piscina do SESC teve um problema em sua estrutura e está interditada sem previsão de retorno. Por enquanto vou ficando só na musculação, mas ô raiva, viu?

sexta-feira, 13 de março de 2009

Quando crianças ou o nosso cérebro não conhece o desconforto, ou simplesmente não há desconforto...
Um bebê ou criança de poucos anos pode passar a noite inteira com a fralda cheia de xixi, ou ficar brincando mesmo estando cagado há meia hora... A criança é capaz de dormir segurando um chocolate, mesmo que esteja sentada...
Enquanto nós, adultos, se chegamos suados da rua queremos logo tomar banho por ser muito desconfortável ficar assim, e achamos muito difícil dormir em uma cama bagunçada... aliás, a insônia é algo que acontece só com adultos também.
Podemos perceber além de tudo que quando criança só sentimos dor se tomamos um cascudo do irmão mais velho, se ralamos o joelho, e coisas assim... adultos temos dor de estômago, dor na coluna, dor de cabeça, dor nas juntas, dor no joelho, dor no dente, dor o dedinho, dor no cabelo... :p.
Não deve ser só por todos os órgãos serem mais novos, mas também pelo fato de estarmos cobertos por uma camada de "fofura" (se é que posso chamar assim). Quando pequenos a caminha é confortável, o lençolzinho é confortável, a roupinha é confortável, a areia é confortável, o mingau é confortável..

Saudades do conforto e da "fofura"...

Post publicado por mim em novembro de 2005 no antigo blog

Nota de revisão: não confundir "fofura" com "gordura". Depois que ganhei uns quilinhos a mais não senti mais conforto, muito pelo contrário.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Quero mais tempo para o tempo

(legal que com a reforma ortográfica que tirou o acento de "pára" esse título ficou ambíguo)




Hoje é quinta-feira, e eu podia jurar que ontem foi domingo.

Não estou falando de forma literal, mas também não estou brincando. O tempo está passando cada vez mais rápido!

Eu me lembro de quando eu tinha de 7 pra 8 anos o ano de 89 demorou uma eternidade pra acabar, e agora a sensação que eu tenho é que o ano começou semana passada...

Quando eu estava com 16 anos tentei teorizar isso. Chamei de "teoria da relatividade sensorial". Claro que de teoria não tinha nada. Não cheguei a fazer estudos nem pesquisa e nem mesmo problematizei a hipótese. Foi apenas a constatação perceptível de um fato... que acontecia comigo. E que provavelmente acontece com todo mundo, mais eu não sei.

Talvez eu seja apenas um leigo falando besteira e isso tudo já faça parte de estudos de psicologia e neurociência, mas eu precisava falar que to cada vez mais pasmo com isso.

Talvez tenha a ver com a proporção: quando eu tinha 5 anos um ano era 1/5 da minha vida. Realmente muita coisa. Agora que estou com 27 anos, um ano é 1/27 da minha vida! É como se a impressão de um ano que eu tinha aos 5 anos fosse o equivalente a 5 anos e 3 meses pra mim atualmente. Ou como se o que eu sinto de um ano agora fosse apenas uns dois meses e alguns dias para a sensação que eu tinha aos 5 anos.

E será que isso não vai ter mais limites? Se for assim, levando em conta a sensação temporal que um ano está significando pra mim hoje, e que exponencialmente cada vez ele vai significar menos, a sensação de um ano passado hoje vai acabar sendo a época em que meu filho vai estar indo à escola... mais um desses anos e ele vai estar casando... e com mais um eu vou estar com meus netos e perto de morrer...

Estava pensando neste post desde ontem e acabou que eu não fiquei satisfeito com ele... e sabem o que é pior? Escrevê-lo me tirou tempo... tempo que eu não podia perder porque ele acaba!

Então vou completar essa idéia com outra antagônica. O tempo não existe. Se você está parado num ponto no meio do espaço, longe de qualquer planeta e de qualquer movimento de rotação e translação quantos minutos, horas ou dias estão se passando? Se não há referencial (um pêndulo, um sol nascendo e se pondo, um objeto em velocidade diferente da sua) não há tempo. O tempo é uma criação... feita pra coincidir com forças físicas e químicas e com nosso ciclo biológico. Na verdade todas as épocas existem. Ponto. É a 4ª Dimensão.

Na verdade eu não sou físico... nem astrônomo... nem nunca cheguei nem perto de ter algum conhecimento profundo disso tudo. Mas de uma coisa eu tenho certeza, e vocês podem perceber: o tempo me deixa louco.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Chico

Sabem... eu tenho um cão imaginário.


O nome dele é Chico e ele é um Teckel pêlo longo (raça mais conhecida em sua versão de pêlo curto como Salsichinha ou Cofap).


Chico já é meu cãozinho imaginário há pelo menos 4 anos. Vocês não fazem idéia do cão maravilhoso que ele é. Ele sabe quando eu to triste, e vem abanando o rabo bem de leve, tímido, cheirando minha mão sem desgrudar o olhar do meu rosto. Aí ele dá uma lambidinha na ponta dos meus dedos pra fazer eu abrir um sorriso e fazer um afago nele. Ele sabe que isso faz tão bem pra mim quanto pra ele.


Chico não é um cão manequim, que não faz nada. Ele é bem peralta pra dizer a verdade. Já mastigou alguns chinelos e alguns livros nossos. Mas depois que a gente ensinou que não pode fazer ele aprendeu. Ele é muito inteligente.


É muito bom chegar em casa e ser recebido por ele. Ele demonstra uma felicidade enorme por a gente ter voltado. Parece até que somos os heróis dele. Faz a gente se sentir especial... e tudo que a gente precisa fazer é dar um carinho aqui e ali e um pouco de atenção.


Não late mais dentro de casa. Aliás, ele só late quando a gente tá brincando na rua, ou quando algum estranho vem falar comigo sem cumprimentar ele também.


É verdade. Ele se acha gente. O que só pode ser muita megalomania, porque nem um cãozinho de verdade ele é ainda! E talvez ainda deixe de ser por um tempo... mais uma vez vamos usar a razão e adiar a transformação de chico em realidade. Faço isso não pensando só em mim, no trabalho que eu ia ter, que na verdade seria um prazer. Penso mais na dedicação e tempo que ele precisaria da gente e não poderíamos dar... e meu chico não é um cão qualquer. Ele merece atenção. Ele merece ser um cãozinho feliz...


Eu não sei por quanto tempo Chico vai ser um cãozinho imaginário. Mas eu vou transformá-lo em real... eu prometo. Nem que precise procurar a fada azul pra isso.


Até logo, Chico...


domingo, 8 de março de 2009

Relatório de exploração 135

Aparência externa do orbe: grandeza 2, cor amarelo âmbar.


Atmosfera densa. Umidade alta. Através do céu observa-se expressivo número de nuvens cáusticas. Flutuando junto a elas enormes bolhas orgânicas. Essas criaturas alimentam-se de elementos mineirais difusos no ar, sintetizando substâncias orgânicas mais complexas que se soltam de suas estruturas em direção ao solo e lá chegam em forma de pó ou misturados aos líquidos pluviais. Algumas dessas criaturas estão agrupadas em provável processo reprodutivo.


Abaixo da espessa camada de nuvens, pode-se verificar uma extensão imensa do que pode ser chamado de uma floresta típica. Até uma área cujo limite do raio corresponde ao horizonte, tudo o que se vê é esse mando esverdeado. Aumentando a velocidade de planagem e percorrendo-se uma grande distância, verifica-se que esre panorama não muda.


Ausência de oceanos. Apenas alguns lagos muito extensos, de cor alaranjada.Floresta


Por sob a copa das plantas o ambiente é mais escuro, pantanoso. Pequenos poços fumegantes espalham-se na extensão do solo. Conclusão de dependência da flora ao calor geotérmico produzido. Ambiente de estufa natural.


Presença expressiva de organismos menos complexos similates a bactérias e fungos


Seres grandes sobem nas corpos das plantas e vivem em suas copas numa pseudo-sociedade equivalente à de primatas selvagens. Seus corpos não escamosos e seus membros anteriores possuem quatro dedos com polegares opositores.


Criaturas menores, de quatro membros, esqueletos externos e asas translúcidas sobrevoam o ambiente.


Não verificada presença de organismos complexos nos lagos.


Ausência de forma de vida com inteligência racional.  Encerrando exploração 135


Sonda Aeverniana 425-E

sábado, 7 de março de 2009

Para Sempre



Em um país distante, em meio a mais uma guerra sem sentido que nunca mais será lembrada pelos seus motivos, apenas pelas suas conseqüências, dois amigos caminhavam juntos. Há alguns dias separados de seu batalhão, esses dois sobreviventes caminhavam juntos.

Não eram apenas amigos, eram os melhores amigos. Acima de qualquer rotulagem vil que poderiam querer lhes dar, acima de qualquer interesse maior, eles eram amigos. Verdadeiros irmãos.

E de repente, no meio daquela imensidão branca de colinas nevadas eles se encontraram numa bifurcação.

- Eu to cansado...
- É, eu sei. Eu também.
- Vamos pra esquerda?
- Mas... eu queria ir pra direita...
- Desculpa... mas eu sinto que eu preciso ir pra esquerda.
- Eu entendo... e eu tenho que ir pra direita.
- Pois é aqui então que a gente se separa. Mas veja se consegue ser forte. Lembra daquela vez em que você ficou preso na avalanche? Mal tinha forças pra se erguer, desistia. Tive que gritar com você pra te dar a coragem...
- Eu sou mais forte agora. Sei que sou. E você... veja se consegue planejar melhor suas indicações no seu diário. Assim você não se perde mais. Tá lembrado que pra você começar esse diário foi a maior dificuldade? Se eu não te apoiasse...
- É sim...
- Então é isso.
- É isso...
- Adeus amigo.
- Adeus...
- Escuta... a gente não vai deixar de ser amigo, né?
- Não. Fique tranqüilo. A gente vai ser amigo pra sempre.
Deram um abraço, seguiu cada um para o seu lado. Os motivos e os caminhos eles conheciam.

Nunca mais se viram...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Palíndromos

Um palíndromo é uma palavra, frase ou qualquer outra sequência de unidades que tenha a propriedade de poder ser lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita. Num palíndromo, normalmente são desconsiderados os sinais ortográficos, assim como o espaços entre palavras.

Quem nunca brincou quando criança dizendo que o contrário de ana é ana e o de ovo é ovo? Animal é lâmina e Marrocos é socorram?

Seguem abaixo alguns que achei muito bons (nenhum é de minha autoria):

"Reter e rever para prever e ter"


"Socorram-me, subi no ônibus em Marrcos"


"Luza Rocelina,  a namorada do Manuel, leu na moda romana: anil é cor azul"

"A droga do dote é todo da gorda"

"A Rita sobre o vovô verbos atira"


"Roma me tem amor e o poeta ama até o pó" (mudando a ordem das frases)

Adoro mexer com palavras, mas não tenho paciência para inventar essas coisas.

segunda-feira, 2 de março de 2009

O que eu vou ser quando eu crescer?

No ano encerrado eu tomei algumas resoluções pra minha vida. A principal é que eu cansei de viver estudando pra concursos, buscando a possibilidade de ingressar em carreiras para as quais não tenho vocação.

Sim, vocação... engraçado é que quando eu quis fazer Direito e fui aprovado no vestibular eu tinha a certeza absoluta de que era a minha vocação. Afinal era a vocação da minha mãe com quem sempre me identifiquei, era a previsão de alguns professores do segundo grau que diziam que eu tinha jeito. Nem o teste vocacional oferecido pela minha escola eu quis fazer. Afinal, meu negócio era Direito.


Na escolha da segunda opção de curso, no formulário do vestibular, eu coloquei um curso mais concorrido que Direito: Psicologia. Mas se era segunda opção eu devia ter escolhido um curso com pouca concorrência! Ué, pra que? Meu negócio era Direito. E eu ia ser bom.


A verdade é que bastou um semestre pra eu desconfiar que não era minha vocação. Com mais uns quatro semestres eu tive certeza, mas aí já era tarde demais pra deixar um curso pela metade, ainda mais pra alguém que sempre quis ter independência financeira.


Me formei, fui chamado em um concurso em que eu praticamente trabalho direto na área da minha graduação. Mas vale salientar: pro paradigma do bacharelado jurídico o meu cargo é muito abaixo das possibilidades.


O sonho de 90% dos bacharéis em Direito é ser Juiz, Promotor, Procurador, Auditor, Delegado, Advogado... e eu acabei indo na onda: “tenho que estudar, tenho que passar, tenho que ganhar dinheiro, tenho que...” ... viver? Já tava me esquecendo de viver. De fazer o que eu gosto, de deixar de adiar planos.


O que eu sempre ouvi nesse meu tempo de concurseiro foi: “o sacrifício é temporário, depois vem a recompensa”; “a dor é passageira o cargo é para sempre”, etc. Mas aí no meio de tudo isso eu descobri o que sempre tentaram nos ensinar na TV ou em livros de auto-ajuda: dinheiro é necessário, mas não é tudo. Eu me imagino um jurista infeliz, trabalhando no que não quero em tempo integral, e usando um pedacinho daquele meu gordo salário pra pagar uma terapia.


E qual é a minha vocação? Eu gosto muito de escrever. Talvez este blog seja a minha vocação. Eu posso não escrever bem, perfeitamente ou de forma interessante, mas é o que eu gosto. Quem me dera viver disso, mas se não posso, espero poder continuar fazendo isso.


Eu ainda acredito naquela idéia de que as pessoas são felizes fazendo aquilo que gostam. Eu quero fazer o que eu gosto. Meu emprego é um detalhe. Serve pras minhas outras necessidades e não toma tanto tempo.


Engraçado que eu acho que se hoje eu estivesse em ano de vestibular e tivesse que escolher um curso eu não escolheria letras. Aliás, eu já comecei o curso de letras, mas me desiludi quando vi que 80% era voltado a ensinar o graduando a ser professor. Eu escolheria alguma profissão que tivesse ligação com animais ou plantas... veterinária, biologia...


De qualquer forma eu descobri que tudo que eu gosto dá pra ter um espaço na minha vida: animais, escrita, leitura, música... a profissão é só minha subsistência.


O que eu quero ser quando eu crescer? Feliz...